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Parábola: a Verdade e a Mentira
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“Vão bater na sua porta, sentar numa cadeira e consumir seu tempo sem lhe acrescentar nada… – cuidado!
Amigos, este post da Luciene Felix Lammy é incrível!!
É sempre bom pensar com quem nos relacionamos, as pessoas que temos atraído e pra quem dedicamos nosso tempo, que como disse a Lu, está cada vez mais escasso.
Luciene é colaboradora do nosso blog com análises maravilhosas de obras de arte – se você perdeu, poder ler os artigos aqui, aqui e aqui.
Olhem o texto que abre o artigo!
“Vão bater na sua porta, sentar numa cadeira e consumir seu tempo sem lhe acrescentar nada. Quando muitas pessoas nulas aparecem e seguem aparecendo, você tem que ser cruel com elas, pois elas estão sendo cruéis com você. Você tem que botá-las pra correr. Tolerar os embotados não é sinal de humanidade, apenas aumenta seu próprio embotamento, e eles sempre deixam um pouco desse peso com você quando vão embora.”
Charles Bukowski (1920-1994), poeta e escritor alemão.
Perfeito!
Não deixem de entrar no blog da Lu clicando aqui e leiam o artigo todo.
Charles Bukowski (1920-1994), poeta e escritor alemão.
Sobre Luciene:
Filed under Eu li., Mulheres que fazem a diferença
Sobre o coração…
Queridos, li este texto no sábado e quis compartilhar.
Espero que gostem!
Beijos
Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o poderá conhecer? Jeremias 17:9
Certa vez ouvi uma frase que dizia: “você não julga as coisas como elas são, mas sim como você é”. Existe muita verdade nesta frase. Nossa experiência de vida é determinante neste sentido.
Gostei da maneira como o Pr. Rafael Reis descreveu a realidade do texto mencionado acima.
Segue:
“Tudo o que vemos no mundo é percebido e definido por um padrão mental, um conceito universal que gerencia todas as nossas opiniões. Por esta razão, antes de avaliarmos e fazermos julgamentos, devemos ter certeza de que estamos olhando as coisas através da lente correta.
O conceito que nós temos das pessoas geralmente é um subproduto da nossa experiência pessoal, e isso molda nossa relação com o próximo.
Se em minha experiência pessoal uma mudança não aconteceu, não acreditaremos na mudança alheia. Porém, se uma mudança tomou lugar em nossa vida, passamos a crer na mudança dos outros.
Mesmo que você ainda não tenha experimentado o perdão na sua vida, isso não quer dizer que ele não exista. Mesmo que você ainda não tenha sido transformado, isso não exclui a possibilidade de outros terem sido, simplesmente pelo fato de que Deus é amor.”
Experimente esse amor e verás uma transformação completa em seus relacionamentos e em sua própria vida.
Pr. Igor Bolichoski
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Você sabe como pendurar seus quadros?
Muitas pessoas me perguntam como é a maneira certa de colocar os quadros na parede.
Não tem regras rígidas e a criatividade manda, mas algumas dicas ajudam a deixar a composição mais harmoniosa quando são vários na mesma parede ou deixar na altura mais adequada quando temos só um.
Vale lembrar o que é o mais importante de tudo.
O quadro não precisa combinar com a decoração. Não precisa combinar com o tapete, o sofá e nem com a cortina. Claro que buscamos harmonia, e podemos escolher algumas cores do ambiente a partir de uma obra importante, mas nunca a decoração deve determinar a compra de uma quadro, ou escultura ok?
Lembre-se que você pode mudar todos estes itens, mas que suas obras de arte te acompanharão.
Dicas, que concordo, de alguns arquitetos:
Se for colocar em um canto, com um móvel, criando um pequeno ambiente:
Nesses casos, uma dica bastante prática para não errar é pendurar o quadro a 1,40 m do chão para evitar batidas, mantendo o alinhamento com o móvel, de forma centralizada. Dica de Bia Pupo”
Antes de pegar furadeira, pregos ou fitas adesivas dupla face, faça uma simulação. “Peça para que alguém segure os quadros na parede ou faça um desenho a lápis para ter uma noção de onde fica melhor”, recomenda Pammela. Recortar jornal no mesmo tamanho do quadro e pendurá-lo na parede para fazer a demarcação também é outra dica para descobrir o lugar certo de pendurar a obra.
Quanto à altura, a arquiteta Letícia Ruivo compartilha uma dica que recebeu de quem entende o assunto. “Uma marchand de arte me contou essa regra: a tela tem que estar em linha reta com seu olho.”
Quem quer usar mais de um quadro para decorar a parede pode lançar mão de algumas regrinhas. “Quando são quadros iguais é interessante pendurá-los em alturas diferentes, para quebrar o ritmo”, diz Pammela Menezes. Mas sempre elegendo uma base para mater o alinhamento – seja superior, inferior ou lateral, no caso de quadros posicionados verticalmente.
A moldura pode combinar com o ambiente ou a tela.
Uma tela antiga pode ficar ousada com uma moldura mais moderna, assim como uma foto pode ficar muito interessante com uma moldura antiga, sendo o destaque do ambiente.
Então, mãos a obra! Agora é a hora de deixar sua casa linda e seus quadros à vista para que possam ser valorizados!
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O Pequeno Príncipe – alguém não leu?
Começou no dia 11 de janeiro uma exposição interativa sobre o livro O Pequeno Príncipe no Shopping JK em São Paulo.
Tem post meu sobre a exposição no Consueloblog.
Passa por lá! Aguardo seu comentário!
Atualizando o post com uma dica incrível da Sueli:
Livro pop up O Pequeno Princípe
O que é um livro pop up?
Um livro com dobraduras de papel, feitas com as cenas da história do livro, que parecem saltar quando abrimos as páginas.
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Como encontrar um estilo pra chamar de meu?
Muito se ouve falar sobre moda, tendências e estilo.
Sobre pessoas que tem muito estilo e são reconhecidas por ele.
Costanza Pascolato é um ícone neste quesito, Coco Chanel, Consuelo Blocker, Cris Guerra e outras que fazem parte de minhas referências como exemplos de elegância e bom gosto.
Mas o que diferencia estas mulheres de nós?
O que é este tão falado estilo? Uma qualidade, um talento? Algumas nasceram com ele e outras estão fadadas a não tê-lo?
“Estilo é uma linguagem pessoal onde a moda e a forma como a transformamos fazem parte de uma assinatura que carregamos junto conosco”.
Acabei de ler o livro, Moda, da blogueira Cris Guerra, precursora dos blogs que mostram o look do dia. Para Cris, cada uma pode, com muito treino, com exercícios diários e um espelho de corpo inteiro, encontrar seu estilo e para isto é fundamental se conhecer, observar, arriscar, ousar e ter prazer no processo do aprendizado.
Tom Ford, em uma entrevista diz que detesta quando suas roupas são usadas exatamente como foram vistas na passarela, ele gosta quando somos criativas na hora de usar cada peça apresentada. Quando as usamos “do nosso jeito”, as peças se tornam únicas e acredito que esta é a chave, tornar única uma blusinha qualquer ou uma grande marca.
Para isto não é preciso muito dinheiro, nem grifes famosas no closet e sim descobrir o que me cai bem, o que faz com que eu me sinta confortável e segura, brincar com acessórios, com as cores, com o próprio guarda-roupa, com o cabelo, a maquiagem, o perfume. Tudo se agrega e se funde para definir “o” estilo.
Acho que todas nós conhecemos alguém que não é famosa, não é uma celebridade, mas que está sempre elegante e arrumada, sem importar as etiquetas que sustenta no corpinho. Com certeza esta pessoa encontrou o seu estilo, ela sabe quais são seus pontos positivos e os usa com inteligência, sabe o que lhe cai bem.
Eu gostei muito da forma como o assunto foi abordado pela Cris e acreditei nela!
Estou disposta a descobrir o meu estilo, a me descobrir a cada dia! Sou bem preto e branco, branco e preto e quero dar graça para este basicão. Já separei vários looks e outros que gostei na internet e vou tentar.
Comecei hoje!
A cereja do meu bolo…
Esta semana quando li o post da Nina Horta com a receita de gaspacho de cerejas, minha cabeça mudou o rumo do assunto e fiquei pensando nas “cerejas” da minha vida.
Sempre ouvi esta expressão,”a cereja do bolo”, como sendo a melhor parte.
E qual a melhor parte da vida? O que faz eu ficar feliz?! Amigos queridos, lugares preferidos, pratos deliciosos, objetos desejados…
A descoberta é diária.
Descobrir esta escultura e esta receita (que talvez eu nunca faça) no post da Nina me deixou feliz!
Parece pouco? Pra mim não.
A escultura( que é também uma fonte) Spoonbridge and Cherry é feita de aço inoxidável, alumínio e pintura automotiva, tem as seguintes dimensões 8,99 x 15,69 x 4,11 m, está localizada em Minneapolis.
Autoria: Claes Oldenburg
Receita de Gazpacho de cereja(do blog da Nina Horta) de Martin Berasategui.
1 kg de tomates maduros
250 g de cerejas com vinte delas separadas para a finalização do prato.
5 gramas de pimentão verde
5 g de cebola
1 dente de alho
55 gramas de farinha de rosca
1 colher de vinagre de sidra ou de xerez
3 colheres de sopa de azeite de oliva extra virgem
Sal a gosto
Como fazer:
Tire os caroços das cerejas deixando umas 20 para enfeitar.Corte todos os outros ingredientes em pedaços, coloque numa vasilha, e deixe ficar da noite para o dia, sem juntar o vinagre e o sal.
No dia seguinte bata tudo no processador. Se quiser pedaçuda, pronto, se quiser lisa passe agora por peneira. Junte o vinagre e o sal. Experimente, corrija, junte água se estiver muito grossa.
Deixe gelar por cerca de duas horas, sirva geladíssima e se possível com uma pedra de gelo dentro.
Distribua as 20 cerejas pelos pratos ou taças, com o cabinho e tudo.
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Faz uma pausa e lê este discurso de Saramago
Discurso na Academia Sueca
(ao receber o Prêmio Nobel de Literatura)
José Saramago
O homem mais sábio que conheci em toda a minha vida não sabia ler nem escrever. As quatro da madrugada, quando a promessa de um novo dia ainda vinha em terras de França, levantava-se da enxerga e saía para o campo, levando ao pasto a meia dúzia de porcas de cuja fertilidade se alimentavam ele e a mulher. Viviam desta escassez os meus avós maternos, da pequena criação de porcos que, depois do desmame, eram vendidos aos vizinhos da aldeia. Azinhaga de seu nome, na província do Ribatejo.
Chamavam-se Jerónimo Melrinho e Josefa Caixinha esses avós, e eram analfabetos um e outro. No Inverno, quando o frio da noite apertava ao ponto de a água dos cântaros gelar dentro da casa, iam buscar às pocilgas os bácoros mais débeis e levavam-nos para a sua cama. Debaixo das mantas grosseiras, o calor dos humanos livrava os animaizinhos do enregelamento e salvava-os de uma morte certa. Ainda que fossem gente de bom caráter, não era por primores de alma compassiva que os dois velhos assim procediam: o que os preocupava, sem sentimentalismos nem retóricas, era proteger o seu ganha-pão, com a naturalidade de quem, para manter a vida, não aprendeu a pensar mais do que o indispensável.
Ajudei muitas vezes este meu avô Jerónimo nas suas andanças de pastor, cavei muitas vezes a terra do quintal anexo à casa e cortei lenha para o lume, muitas vezes, dando voltas e voltas à grande roda de ferro que acionava a bomba, fiz subir a água do poço comunitário e a transportei ao ombro, muitas vezes, às escondidas dos guardas das searas, fui com a minha avó, também pela madrugada, munidos de ancinho, panal e corda, a recolher nos restolhos a palha solta que depois haveria de servir para a cama do gado. E algumas vezes, em noites quentes de Verão, depois da ceia, meu avô me disse: “José, hoje vamos dormir os dois debaixo da figueira”. Havia outras duas figueiras, mas aquela, certamente por ser a maior, por ser a mais antiga, por ser a de sempre, era, para toda as pessoas da casa, a figueira.
Mais ou menos por antonomásia, palavra erudita que só muitos anos depois viria a conhecer e a saber o que significava… No meio da paz noturna, entre os ramos altos da árvore, uma estrela aparecia-me, e depois, lentamente, escondia-se por trás de uma folha, e, olhando eu noutra direção, tal como um rio correndo em silêncio pelo céu côncavo, surgia a claridade opalescente da Via Láctea, o Caminho de Santiago, como ainda lhe chamávamos na aldeia. Enquanto o sono não chegava, a noite povoava-se com as histórias e os casos que o meu avô ia contando: lendas, aparições, assombros, episódios singulares, mortes antigas, zaragatas de pau e pedra, palavras de antepassados, um incansável rumor de memórias que me mantinha desperto, ao mesmo tempo que suavemente me acalentava. Nunca pude saber se ele se calava quando se apercebia de que eu tinha adormecido, ou se continuava a falar para não deixar em meio a resposta à pergunta que invariavelmente lhe fazia nas pausas mais demoradas que ele calculadamente metia no relato: “E depois?”. Talvez repetisse as histórias para si próprio, quer fosse para não as esquecer, quer fosse para as enriquecer com peripécias novas.
Naquela idade minha e naquele tempo de nós todos, nem será preciso dizer que eu imaginava que o meu avô Jerónimo era senhor de toda a ciência do mundo. Quando, à primeira luz da manhã, o canto dos pássaros me despertava, ele já não estava ali, tinha saído para o campo com os seus animais, deixando-me a dormir. Então levantava-me, dobrava a manta e, descalço (na aldeia andei sempre descalço até aos 14 anos), ainda com palhas agarradas ao cabelo, passava da parte cultivada do quintal para a outra onde se encontravam as pocilgas, ao lado da casa. Minha avó, já a pé antes do meu avô, punha-me na frente uma grande tigela de café com pedaços de pão e perguntava-me se tinha dormido bem. Se eu lhe contava algum mau sonho nascido das histórias do avô, ela sempre me tranqüilizava: “Não faças caso, em sonhos não há firmeza”.
Pensava então que a minha avó, embora fosse também uma mulher muito sábia, não alcançava as alturas do meu avô, esse que, deitado debaixo da figueira, tendo ao lado o neto José, era capaz de pôr o universo em movimento apenas com duas palavras. Foi só muitos anos depois, quando o meu avô já se tinha ido deste mundo e eu era um homem feito, que vim a compreender que a avó, afinal, também acreditava em sonhos. Outra coisa não poderia significar que, estando ela sentada, uma noite, à porta da sua pobre casa, onde então vivia sozinha, a olhar as estrelas maiores e menores por cima da sua cabeça, tivesse dito estas palavras: “O mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de morrer”. Não disse medo de morrer, disse pena de morrer, como se a vida de pesado e contínuo trabalho que tinha sido a sua estivesse, naquele momento quase final, a receber a graça de uma suprema e derradeira despedida, a consolação da beleza revelada. Estava sentada à porta de uma casa como não creio que tenha havido alguma outra no mundo porque nela viveu gente capaz de dormir com porcos como se fossem os seus próprios filhos, gente que tinha pena de ir-se da vida só porque o mundo era bonito, gente, e este foi o meu avô Jerónimo, pastor e contador de histórias, que, ao pressentir que a morte o vinha buscar, foi despedir-se das árvores do seu quintal, uma por uma, abraçando-se a elas e chorando porque sabia que não as tornaria a ver.
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Guiados pelo rótulo?
Num encontro com o jornalista e crítico de arte Oscar D’Ambrósio lembramos deste texto escrito por ele e que vale muito uma reflexão, pois cabe em vários aspectos de nossa vida. Logo pensei em compartilhar aqui no blog.
Entre ratos, homens e críticos
Discutir a crítica de arte hoje constitui um desafio, já que nem o público, nem os artistas nem os próprios críticos acreditam que ela exista de fato no Brasil contemporâneo. Para desenvolver essa idéia, vamos nos valer de três auxílios: o filme Ratatouille(2007), de Brad Bird, a experiência do premiado violinista norte-americano Joshua Bell tocando incógnito no metrô de Washington, DC, EUA, e dez caminhos para o crítico do século XXI.
No filme Ratatouille, o protagonista é um rato que, com um olfato privilegiado, sonha em ser um chefe de cozinha. Quem rouba a cena, no entanto, não é o simpático protagonista, mas o personagem Anton Ego, um rigoroso crítico de gastronomia. Seu sobrenome já mostra a sua personalidade.
Ensimesmado, repleto de caras e bocas, degusta criticamente os mais variados pratos. Temido por todos, só consegue rever seus rígidos conceitos e valores ao experimentar uma receita de um prato camponês, o ratatouille, desenvolvido pelo rato – cozinheiro.
Ao sentir aquele sabor, retorna à infância e encontra na simplicidade uma forma de repensar a sua atitude perante a vida, o que inclui a recuperação da capacidade de rir.
Esse mesmo atributo de rir de si mesmo foi desenvolvido pelo violinista Joshua Bell, um dos maiores do mundo.
Ele participou, dia 12 de janeiro último, de uma experiência idealizada pelo jornal Washington Post. Usando boné, calça jeans e camiseta, tocou, durante 43 minutos, um repertório que incluía Bach, entre outros compositores. Das 1.097 pessoas que passaram à frente dele, apenas 27 deixaram dinheiro, num total de US$ 32,00, absurdamente abaixo do cachê dele, cerca de US$ 1 mil por minuto de apresentação.
Se as pessoas soubessem que aquele músico era famoso provavelmente parariam para olhar e, se ele estivesse sendo fotografado ou filmado por câmaras de televisão, certamente lhe dariam mais atenção. Em síntese, o público é cada vez mais levado pelas aparências, pelo rótulo que lê e ouve na mídia, e menos pela sua sensibilidade, pelo que, de fato, ouviu, leu ou escutou.
Porém, se um crítico de alguma instituição reconhecida, dá legitimidade a uma obra de arte, ela geralmente começa a ser aclamado por todos, que macaqueiam as palavras da “voz oficial” detentora do poder que a crítica institucionalizada, principalmente a oriunda das universidades, hoje representa. A voz do crítico, assim, se torna maior do que o ouvido ou a visão do observador.
Nesse contexto, sugiro um decálogo do crítico de arte:
1. Abolir a divisão entre arte e ciência – Ao contrário do nosso mundo marcado por especialistas em especialidades, é desejável, como ocorria no Renascimento, a busca do saber nas mais variadas áreas, não havendo sentido na divisão entre arte e ciência.
2. Acreditar no poder do homem – Ao contrário do homem medieval, que idolatrava Deus, e do tecnológico, que acredita na técnica em si mesma, é essencial valorizar o poder humano de criar, conservar e destruir o mundo e o que nele existe.
3. Tratar a arte como sopro de vida – Além da técnica, ou seja, do saber fazer, o artista a ser valorizado precisa ter vida. Isso significa estar além do virtuosismo, aliando a alma ao talento.
4. Ter contato com os mestres – Seguir um mestre, tanto para o crítico como para o artista, não é sinônimo de perda de liberdade, mas de constituição de uma base sólida para poder voar sozinho.
5. Respeitar quem trabalha por encomenda – O crítico não deve rejeitar em princípio o artista que aceita trabalhar para o mercado. Aceitá-las constitui uma forma de sobrevivência, desde que feita com honestidade intelectual e competência.
6. Planejar é tão importante quanto fazer – Torna-se fundamental acompanhar o trabalho no ateliê do artista. É ali que estão os muitos estudos e esboços – mentais ou concretos –, memórias dos trabalhos passados e matrizes dos presentes e futuros.
7. Observar os cadernos de anotações – Para conhecer um artista, uma das melhores pistas é justamente o caderno de anotações e os desenhos. Lá está a alma que fala e o gesto que comunica uma essência perante a arte e a vida.
8. Devotar-se ao detalhe – O notório saber é deixado de lado em função da mesmice decorada com títulos e quantificações de produção sem uma avaliação qualitativa adequada, que exige devoção à observação plástica dos detalhes.
9. Amar a invenção – Lembrar que o artista digno desse nome mantém viva a capacidade de estar sempre em mutação, combatendo a acomodação, principalmente quando a escola mais formata indivíduos do que os prepara para a vida.
10. Criatividade acima de tudo – Cabe ao crítico perceber o artista enquanto ele não é célebre. Isso exige a humildade de saber reconhecer o grande talento enquanto ainda ele é aparentemente pequeno.
O que é necessário são críticos humanos, capazes de ver na arte uma forma de transcender o cotidiano, não no sentido místico – ou talvez inclusive nele –, mas principalmente no estético e, acima de tudo, existencial. Isso exige humildade, atitude cada vez mais rara no mundo, inclusive – e principalmente – o da crítica.
Oscar D’Ambrosio, jornalista, mestre em Artes pelo Instituto de Artes da UNESP de São Paulo, integra a Associação Internacional de Críticos de Artes (Aica – Seção Brasil)
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