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“Vanitas vanitatum et omnia Vanitas” (Vaidade das vaidades, tudo é vaidade) Eclesiastes por Luciene Felix Lamy

Queridos, este post era para ser publicado ontem no dia do professor para homenagear uma professora, educadora e filosófa incrível, a Luciene Felix Lamy, que por sorte é nossa colaboradora. Mas, como todo dia é dia de homenagear quem tem o dom de transmitir conhecimento aqui vai:
Parabéns querida Luciene!! É o maior orgulho pra mim ter seus textos e análises publicados no blog.

Para quem ainda não teve oportunidade, clique aqui pra ler o primeiro post que publicamos, o segundo clique aqui e para conhecer mais sobre a Lu e sobre o que ela escreve clique aqui.

Leiam vocês mesmos com seus próprios olhos e vejam porque vale a pena acompanhar cada texto dela.
Boa leitura e reflexão!
Aguardamos os comentários!

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São Jerônimo (que traduziu a bíblia do hebraico e aramaico para o grego e o latim) por Caravaggio (1605-6), Galleria Borghese, Roma.

O tempo muda, e com ele, emerge novos conceitos, que respaldados pelo “zeitgeist” vigente impõe-se como modismo. Alguns modismos, como os “Vanitas”, se tornam “clássicos”.

Em tempos d’outrora, distintivo (“chique”) mesmo era pendurar um enigmático “Vanitas” na parede da biblioteca (ocupada hoje pelo home-teather) e ter assim, assunto para se encetar uma boa prosa filosófica (vida, morte e tempo), enquanto se finalizava o agradável jantar saboreando um licor.

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Harmen Steenwijk – 1640

Mas, o que é um “Vanitas”? Um “Vanitas” (do latim, vacuidade, futilidade, algo vão, sem valor) é a representação dramática de um gênero singular de natureza morta surgida no norte da Europa e países baixos nos séculos XVI e XVII com forte conteúdo simbólico de cunho moralizante que busca chamar a atenção para o quão efêmera é a vida, fugidios seus prazeres, vãs suas glórias e para a irreversibilidade da condição que nos distingue do Criador: mortais.

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Pieter Gerritsz – 1630

Com o enaltecimento dos “Vanitas”, o gênero “natureza-morta” – o patinho feio da pintura –, tão apreciado pelos holandeses, foi alçado a patamar de honra. A morte era uma realidade muito próxima e os pregadores calvinistas eram fascinados pelos interditos do Livro de Eclesiastes, no Velho Testamento. Do ponto de vista filosófico, arrisco dizer que o gênero é “Existencialista”.

Uma obra dessa natureza, que é um imperativo chamado para reflexão sobre valores, expressava que a alma do detentor estava consciente da insignificância da vaidade humana. O paradoxo é que se pagava muito caro por tamanha insígnia de sapiência: ostentar um “Vanitas” era caríssimo, acessível somente às pessoas de posses.

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Hendrik Andriessen – 1650

Nesse tipo de obra, explicitando perecividade e finitude, observamos a presença de figuras que aludem e contrapõe: 1) vida terrestre espiritual e contemplativa e, 2) vida terrestre hedonista, luxuriosa e sensual.

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Pieter Claesz – 1625

São recorrentes, então, insígnias de poder (colunas clássicas, coroas, tiaras, mitras, medalhas, elmos, escudos, emblemas heráldicos, espadas e outros adereços que remetam à honra), símbolos de fortuna e riqueza (moedas de ouro ou prata, tecidos requintados, sedas, veludos, bordados e brocados, pedras preciosas, pérolas, conchas e outros objetos preciosos), referências aos prazeres libidinais e luxuriosos (espelhos, cartas de baralho, vinhos, instrumentos musicais tais como flautas e charamelas), alusões à perecividade (flores frescas ou já murchando, frutas suculentas ou apodrecidas, relógios, ampulhetas, bolhas de sabão, borboletas, fio de vela já se apagando), além dos emblemas de imortalidade (livro) e de finitude (o crânio humano), impondo o inexorável destino comum a todos nós, que é morrer.

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Adriaen van Utrecht – 1642

Condenador dos prazeres mundanos, pois erigido sob o solo do discurso de cunho religioso moralizante de apelativo fervor puritano, o melancólico “Vanitas” encontra respaldo na Bíblia judaico-cristã.

De lá para cá, muitas caveiras se passaram e o uso alegórico do crânio ganhou outros significados (que o diga o renomado estilista brasileiro, Alexandre Herchcovitch). E isso porque, a visão que temos da morte passa por “n” perspectivas: temor, respeito, angústia, perturbação, sarcasmo, cinismo, deboche e até provocação. Diante dela, difícil é ser indiferente. Independente disso, intensamente expressiva em suas representações, a morte paira a espreita, triunfa sobre as frivolidades mundanas, sejam quais forem e, alheia ao que pensemos que seja, é o que é.

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Edwaert Collier – 1693

Ao passar todo esse sermão através das pinceladas, um “Vanitas” pretende repreender a ignorância sobre os falsos valores, advertindo que: “(…) os seus vícios e horrores, as suas paixões desonestas, desvairadas de cegas, funestas, os seus apetites venais insaciáveis, as suas perigosas irracionalidades, as suas pulsões inconfessáveis (…)”, tem um fim. Esse é o drama.

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Philippe de Champaigne – 1671

Tela e pincéis em mãos, escolha os elementos, desenhe e pinte o SEU “Vanitas”, afinal, a obra é o que permanece.

Blog da Luciene:
http://lucienefelix.blogspot.com/

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Chovendo Arte

Estou muito encantada com o resultado do projeto Chovendo Arte.
A exposição aconteceu dentro do Salão de Arte na Hebraica e ficou linda demais!
Participam 40 artistas – fotógrafos, artistas plásticos, estilistas, blogueiras, escritores, produtores, com imagens de suas obras, fotos autorais, ilustrações.
E ainda contamos com o artista e calígrafo Fabio Maca para a chuva de palavras, que ficou incrível!

Agora, os guarda-chuvas estão no site à espera de seus donos!!
Parte da renda destinada ao Projeto Velho Amigo
Um mais lindo que o outro! Vale a pena adquirir!
Entre no site e escolha o seu!!
www.chovendoarte.com.br

Sobre o projeto:
No projeto Chovendo Arte buscamos a conexão entre a imagem e a palavra.
Para brincar com esta ideia, escolhemos o guarda-chuva para representar a imagem e as palavras para representar a chuva.

Em um mundo onde parecia que só a imagem tinha força a palavra ressurge, de forma diferente, quebrando distâncias através da internet, e-mails, blogs, twitter…
Tudo dito em 140 caracteres ou com menos ainda, com as hashtags que unem, seduzem, ganham campanhas. #quemnunca escolheu uma pra compartilhar? #yeswecan #maisamorporfavor #assineapetição #chovendoarte

Imagens autorais escolhidas em parceria com artistas plásticos, estilistas, fotógrafos e outras personalidades, foram estampadas em cada um dos guarda-chuvas.
Palavras que gostaríamos que “chovessem” intensamente nas nossas vidas escritas entre as imagens.

A força da imagem e da arte circulando em guarda-chuvas. Muita chuva de amor, bondade e solidariedade.
Que chova tudo que é bom.
Que seja uma chuva do bem
!

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Cintia Covre e Tânia Sciacco

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Regina Helou, eu e Regininha Moraes do Projeto Velho Amigo

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Joel Reis, produtor de eventos e escritor

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Lilian Pacce e seu guarda-chuva: ” Olha a Chuva”

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O guarda-chuva de Consuelo Blocker reserva uma surpresa “Sob o céu da Toscana”

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Thamar Toffolo e seu guarda-chuva

 

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Jane Wickbold artista plástica que participa do projeto, o guarda-chuva em vermelho é um de seus lindos trabalhos!

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Criação de Ronaldo Fraga. Lindo!!

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Criação de Consuelo Blocker

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Querida e talentosa artista Eliara Bevilacqua

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Celia Nahas Garcia e uma de suas criações.

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A Arte que vem dos céus! Avião da Gol by OsGemeos

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Vivemos ou não vivemos em uma época de customização? São artistas e mais artistas aplicando a sua linguagem em objetos que fazem parte de nossa vida e os transformando em obras de arte.

Chegou a vez de um avião, um 737 da Gol, que será utilizado para transportar a seleção brasileira.
Depois deste período de copa do mundo funcionará normalmente transportando passageiros comuns.

Simbolizando e representando uma diversidade de pessoas e também o lúdico desejo de andar nas nuvens, a arte de Gustavo e Otávio Pandolfo permanecerá na aeronave por dois anos.

O projeto que seria finalizado em quinze dias, ficou pronto em uma semana.

Como sou fã de carteirinha da dupla, gostei muito, e quero andar neste avião!!

E você, o que achou?
Fonte: Uol

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Análise da obra “Uma dança para a música do tempo”, de Nicolas Poussin por Luciene Felix Lamy

Queridos amigos, hoje temos mais uma obra com a análise gentilmente feita e cedida para o blog pela Luciene.
Está imperdível.
Aproveitem!!

Análise da obra “Uma dança para a música do tempo”, de Nicolas Poussin por Luciene Felix Lamy.

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Trazemos a delicadíssima tela do francês Nicolas Poussin (1594-1665), que fez carreira (e sucesso!) em Roma. Poussin nasceu no interior da França, era de origem humilde e não dispunha de recursos para pagar por bons mestres. A sorte é que seguiu para Roma e, foi patrocinado pelos Médicis e até por um Papa, alcançou sucesso e fama. Há obra dele até na Basílica de São Pedro.

“Uma dança para a música do tempo” traz as figuras alegóricas da Riqueza, do Prazer, do Trabalho e da Pobreza, além do deus Jano (esculpido numa pedra, sobre um pedestal e envolto numa guirlanda de flores), a carruagem de Apollo e seu cortejo, a criança e o velho, no canto inferior direito e a outra criança fazendo bolhas de sabão, no canto inferior esquerdo.

Bem, vamos a uma das atividades mais prazerosas do mundo: contemplar uma obra de arte e tentar “traduzir” o que o erudito artista está a nos dizer através de suas pinceladas. Olhinhos (e Alma) atentos?

Observem que o deus da saúde e da harmonia, Apollo (Hélios, na mitologia romana) está, lá do alto, dentro de um círculo dourado, o que representa a eternidade que é o nascer do Sol (Apollo). Ele é precedido por uma jovem (seguramente a deusa Aurora) que faz jorrar algo como pó de ouro (ou flores douradas) de suas mãos. E sua carruagem é seguida por algumas donzelas, a bailar, as Horas.

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A representação pictórica dessas quatro divindades alegóricas, diz muito sobre as instâncias que presidem.


O Prazer é a única que nos encara convidativa
e, reparem como seu olhar é alegre, feliz. Assim como a Riqueza, o Prazer está calçado (isso é MUITO importante!). Não há dúvida de que o fato do Prazer ser a alegoria mais distante da Pobreza, também tem algo a nos dizer.

Sobre a cabeça de todas essas alegorias está algo ligado ao que elas representam e, o Prazer traz uma guirlanda de flores. Ora, flores são belas, exalam aromas agradáveis e… Perecíveis, efêmeras. O prazer também abarca a luxúria, o ócio e talvez seja por isso mesmo que dá às mãos à Riqueza. Afinal, sem recursos, como gozar o melhor da vida?

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Atentem que o Trabalho está centralizado, entre o Prazer e a Riqueza. E ostenta a guirlanda de louros em sua cabeça. Realmente, o Trabalho é dignificado, faz jus à coroa de louros, símbolo da vitória. Note-se que o trabalho, assim como a Pobreza, está descalço. Como sempre, nada é em vão, ou seja, em tudo o artista está a nos relatar o que apreende.

O Trabalho dá as mãos à Pobreza e essa tenta dar às mãos à Riqueza, mas observe que elas (mãos da Pobreza e mãos da Riqueza) não chegam a se tocar. A Pobreza traz em sua cabeça um simples pano a prender seus cabelos, está descalça e se veste com modéstia.

Já a Riqueza, calça belíssimas sandálias douradas, está bem vestida e traz uma guirlanda de pérolas na cabeça. É apropriado que a Riqueza ostente alguma joia, não acham?

Também podemos ver que a Pobreza traz uma expressão facial de sofrimento, enquanto a Riqueza apresenta um perfil sereno; já o Trabalho parece focado noutra coisa (na Riqueza?) e, como já dissemos, o Prazer tem uma carinha de indisfarçável satisfação.

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E, como se trata de “Uma dança para a música do tempo”, a figura do velhinho sentado tocando um instrumento musical parece introduzir a velhice (ou a morte) como elemento à espreita. Não importa o que façamos, a velhice e/ou a morte, está lá, presidindo a harmonia (avento-a pela música) que essas quatro alegorias, quando bem orquestradas, presidem. E essas asas? Ah, o tempo voa, não?

Já a criancinha ao lado do velho, segurando uma ampulheta (que ainda tem muita areia para passar), indica que a dança começou há pouco e vai durar algum tempo. Não é curioso que uma inocente criança segure a frágil ampulheta. Ops! Podemos, heraclitianamente, “ler” algo também nisso: “O tempo é criança brincando, de criança o reinado.” (Frag. 52 , do filósofo pré-socrático, Heráclito de Éfesos, inspirador de Sócrates e Platão).


A outra criança, no canto inferior esquerdo,(no quadro original, abaixo ela está àdireita) fazendo bolhas de sabão, parece estar a indicar a efemeridade da vida, que passa tão rápido
. Muitos elementos nessa obra reiteram isso insistentemente. Fato que é que esta criança está a brincar. Talvez a vida seja mesmo uma brincadeira, que levamos a sério demais.

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Agora, sobre a presença do deus Jano (daí janeiro) nesse sólido pedestal, vale a pena elucubrar. O maior monumento a Jano se encontra no Museu do Vaticano. Ele é bifronte, ou seja, tem duas faces: jovem, indicando o futuro e outra velha, representando o passado. Mas, às vezes, como no do Vaticano, ambos possuem longas barbas.

Jano, do latim, Janus, é o deus pagão dos começos e dos fins (31 de dezembro e 1º de janeiro). Talvez sua presença nessa obra se justifique pelo fato dos antigos romanos considerarem que esse deus traz dinheiro. À Jano é creditada a invenção da moeda, que como ele também tem duas apresentações distintas: cara e coroa.

A guirlanda de flores ornamentando Jano sugere mais uma contraposição entre o eterno e o efêmero: flores murcham, mas Jano se reinicia a cada ano. Sua afinidade com Saturno (Chronos) talvez se deva ao fato de alguns relatos mitológicos afirmarem que ele deu guarida ao deus do Tempo, quando esse fora destronado por seu caçula, Júpiter (Zeus).

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O tom de pele das alegorias chama a atenção: Riqueza e Prazer tem a tez mais clara e são mais robustos, pois não ficavam expostas ao sol como o Trabalho e Pobreza e, parece que passam bem (mesa farta). Mas isso são valores da época; hoje em dia, talvez fossem retratadas como sendo magras e bronzeadas.

Um fato curioso é que, me parece que o Tempo mira a Riqueza. De todas as demais alegorias, é para a Riqueza que ele olha. É possível: seja material, seja espiritual (ou ambas, pois não são excludentes!), talvez seja isso mesmo o que o Tempo almeja: Riqueza.

Outra observação perspicaz é o corpo malhado, musculoso e forte do Tempo, em contraste com suas feições de idoso (a calva e a barba branca). O que poderíamos interpretar disso? Que o Tempo é “Velho” (Sábio) e também, paradoxalmente, sempre “Novo”, vigoroso, como os jovens?

Transmitir tudo isso através de um texto, é fácil, mas com pinceis e tintas… Viva os artistas!

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A Páscoa acabou, mas estes ovos são pra sempre!!

A Páscoa acabou, eu sei. Mas este assunto é atual, tem arte, criatividade, novidade. Vale a pena conhecer os trabalhos.

E particularmente é um assunto que eu amo, que é a customização de objetos.
Deixem eu fazer a minha propaganda: temos um projeto com este conceito, o dogart que são esculturas de cachorros customizadas por artistas e personalidades, se quiser saber mais olhe nosso site dog.art.br

Neste último mês de abril, mês da Páscoa, me deparei com ovos e mais ovos customizados, de São Paulo à New York.
No Shopping Eldorado um grupo, no Shopping JK outro, e o Projeto The Big Egg Hunt que eu conheci em Londres e que este ano está em Nova York. Encontrei ovos no metrô, na Grand Central, no Rockfeller Center, no Metropolitan Museum.

No Shopping Jk fotografei todos, em Nova York os meus preferidos, dos que vi pessoalmente.(aqui no site você pode ver todos e até dar lance no leilão virtual). No Shopping Eldorado, eu não vi pessoalmente, mas escolhi a obra do artista Maramgoni de quem sou muito fã.

Shopping JK

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Simone Sapienza

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Lúcio Carvalho

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Isabelle Tuchband. AMO!

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Aguilar

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Niura Belavinha

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Lidia Lisboa

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Omar Salomão

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Carla Caffé

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Fause Haten

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Leopoldo Pacheco

Em Nova York

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No Rockfeller Center

Agora na Grand Central

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E no Metropolitan Museum, meu favorito!!

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E este é o trabalho maravilhoso do Maramgoni!

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Ronaldo Fraga – Contando Candido Portinari

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Tive a oportunidade deliciosa de assistir ao desfile de um dos estilistas que mais admiro: Ronaldo Fraga.

A coleção, apresentada pelo estilista na edição de abril do São Paulo FashionWeek, foi inspirada em um dos nossos mais importantes artistas: Candido Portinari. Nos seus azulejos, nos céus azuis e laranjas, nas suas pinturas, tudo apresentado de forma delicada e leve.

O trabalho de Ronaldo busca resgatar uma identidade nacional, a valorização das nossas riquezas, dos nossos artistas, dos nossos artesãos, dos nossos rios… E assim foi tambem nesta coleção.

Logo que começou o desfile eu já gostei dos vestidos em crochê, dos pontos largos, da transparência e do tão maravilhoso trabalho artesanal.A trilha sonora e a narração também deram clima especial ao desfile.
Cores fortes em vestidos com cortes geométricos entraram na passarela lembrando o colorido e a alegria dos circos.
Nos pés, uma botinha colorida, que acompanhou todos os modelos.
Finalizando tecidos com cenas de pinturas recorrentes na obra de Portinari.

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Na primeira fila, nomes conhecidos e respeitados da moda, Lilian Pacce, Maria Prata, Gloria Kalil.

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O tema nesta edição do Fashion Week era moda e arte, uma galeria fez parte.

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Detalhe de uma das fotografias que mais amei na galeria. De Marcelo Silveira.

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Eu, no painel criado para o desfile do Ronaldo!
Azuis!
Pena que passou muito, mas muito rápido. Um trabalho tão maravilhoso que passa na nossa frente em um piscar de olhos.
Mas assim é a vida. Não é?

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Karen Hofstetter cria coleção cápsula para Ana Capri

Eu acredito que vivemos realmente numa era de customização, de peças autorais, do exclusivo, de artigos especiais desenvolvidos por artistas e designers.
As empresas de diversos segmentos estão buscando e apresentando suas coleçōes e produtos baseadas neste conceito.

Com o tema “Vai chover amor” e inspirada na sua obra Polka Rain, a designer paulistana Karen Hofstetter criou uma coleção cápsula para a marca de sapatilhas Ana Capri do grupo Arezzo.Além das estampas desenvolvidas por Karen, as flats também tem frases de Luciana Elaiuy que trabalha com a ilustradora.
Sapatilhas do dia a dia, coloridas, zebradas, tigradas e as assinadas por Karen, com as frases poéticas, inspiradoras e divertidas de Luciana.

Tenho prestado bastante atenção neste assunto e nos últimos dias vi dois produtos dentro deste conceito em um dos programas do Canal Arte1.
Lenços e azulejos: assunto para o próximo post.

As ilustraçōes que deram cara a campanha.

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O lindo convite!

E olhem esta minha foto da fachada da loja. Prestem atenção nas pessoas de mãos dadas na parte superior.
Viram? Elas não existem (originalmente), a luz formou estas imagens que enxerguei e fotografei.

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Canal arte1 – canal brasileiro totalmente dedicado à arte

Arte1 é um canal que deveria estar na TV aberta para que todos pudessem ter acesso a ele.
Uma programação muito interessante e diversificada dentro das artes plásticas, música, cinema, literatura, filmes, documentários.

Operado pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação, no ar desde dezembro de 2102, exibe séries e documentários de arte trazidos de fora e alguns produzidos por nossa gente.
O primeiro e único canal com uma programação inteiramente dedicada às artes.
A editora-chefe, e apresentadora de alguns programas, é Gisele Kato.

Olhem só o documentário que estou assistindo:
“Godard, Truffaut e a Nouvelle

O foco do filme é a amizade e a posterior ruptura entre os cineastas François Truffaut e Jean-Luc Godard. Para contar a história da Nouvelle Vague, esse documentário francês se vale de um vasto material de arquivo.
Nome original; Les Deux De La Vague”

Outro programa:
Museu D’Orsay
apresenta a coleção, sobretudo do período de 1848 à 1915, com uma sublime coleção consagrada aos impressionistas

Mais uma pra deixar você animado:
A vida secreta de uma obra prima

Documentário que em meia hora apresenta uma obra prima das artes plásticas e discorre sobre ela.

Filmes como ” A Carruagem de Ouro”, considerado uma obra-prima, de Jean Renoir.

E tem muito mais, variedade e qualidade, uma excelente opção para fugir de BBBs e afins.
Vale a pena conhecer e acompanhar.
No site você consegue ter ideia do que eles oferecem.
http://arte1.band.uol.com.br/

O Arte 1 vai ao ar no canal 183 pela Sky, 53 na Net, no 31 pela Claro TV, 85 na Oi TV, 84 pela GVT, 102 (cabo) e 555 (satélite) pela Vivo TV, e operadoras independentes.
Uma observação, na Net, que é onde eu assisto mudou do 115 para o 53. Não sei se as informações acima estão atualizadas,

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Você sabe como pendurar seus quadros?

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Muitas pessoas me perguntam como é a maneira certa de colocar os quadros na parede.
Não tem regras rígidas e a criatividade manda, mas algumas dicas ajudam a deixar a composição mais harmoniosa quando são vários na mesma parede ou deixar na altura mais adequada quando temos só um.

Vale lembrar o que é o mais importante de tudo.
O quadro não precisa combinar com a decoração. Não precisa combinar com o tapete, o sofá e nem com a cortina. Claro que buscamos harmonia, e podemos escolher algumas cores do ambiente a partir de uma obra importante, mas nunca a decoração deve determinar a compra de uma quadro, ou escultura ok?

Lembre-se que você pode mudar todos estes itens, mas que suas obras de arte te acompanharão.

Dicas, que concordo, de alguns arquitetos:

Se for colocar em um canto, com um móvel, criando um pequeno ambiente:
Nesses casos, uma dica bastante prática para não errar é pendurar o quadro a 1,40 m do chão para evitar batidas, mantendo o alinhamento com o móvel, de forma centralizada. Dica de Bia Pupo”

Antes de pegar furadeira, pregos ou fitas adesivas dupla face, faça uma simulação. “Peça para que alguém segure os quadros na parede ou faça um desenho a lápis para ter uma noção de onde fica melhor”, recomenda Pammela. Recortar jornal no mesmo tamanho do quadro e pendurá-lo na parede para fazer a demarcação também é outra dica para descobrir o lugar certo de pendurar a obra.

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Quanto à altura, a arquiteta Letícia Ruivo compartilha uma dica que recebeu de quem entende o assunto. “Uma marchand de arte me contou essa regra: a tela tem que estar em linha reta com seu olho.”

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Quem quer usar mais de um quadro para decorar a parede pode lançar mão de algumas regrinhas. “Quando são quadros iguais é interessante pendurá-los em alturas diferentes, para quebrar o ritmo”, diz Pammela Menezes. Mas sempre elegendo uma base para mater o alinhamento – seja superior, inferior ou lateral, no caso de quadros posicionados verticalmente.

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A moldura pode combinar com o ambiente ou a tela.
Uma tela antiga pode ficar ousada com uma moldura mais moderna, assim como uma foto pode ficar muito interessante com uma moldura antiga, sendo o destaque do ambiente.

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Então, mãos a obra! Agora é a hora de deixar sua casa linda e seus quadros à vista para que possam ser valorizados!

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Análise de uma obra de arte de Van Eyck por Luciene Felix Lamy

Luciene Felix Lamy é colunista do Consueloblog e na sua coluna deste mês fez uma interpretação incrível e completa desta tela de Van Eyck.
Pedi e ela autorizou que publicassemos aqui no blog.
Não mudei nenhuma palavra do que foi publicado no post e nos comentários.
Olhe o quadro e acompanhe a análise. Este quadro nunca mais será o mesmo pra você.

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Eu diria que essa obra de Van Eyck é precursora da revista “Caras”, pois testemunha o casamento do próspero banqueiro italiano, Giovanni de Arrigo Arnolfini, e sua eleita, Giovanna Cenami, insistindo em quão são abençoadamente afortunados. Será?

Sim, as feições de Arnolfini, que fez fortuna recolhendo impostos sobre importados, lembra o rosto de… Vladimir Putin. Ele se veste com sobriedade e, para um homem de sua posição, esse seu “manteau” era o que havia de mais elegante e distinto na época.

Já sua eleita, a jovem e bela Giovanna, segundo, Robert Cumming, “vinha de uma rica família italiana, e sem dúvida sua união foi cuidadosamente arranjada com
um ‘bom partido’” (esse negócio de “bom partido” pode ser uma cilada, mas falaremos de dinheiro – o seu e o dele – quando estivermos nas Casas 2 e 8, OK?). Nada de economia com tecido: ela usa um amplo vestido verde, cor símbolo da fertilidade.

Destaque para o franzido fazendo certo volume no abdome, que era considerado de bom tom, pois prenunciava uma futura gravidez. Aliás, o detalhe das peles nas mangas, no barrado e na gola também é indicativo de riqueza. O primoroso bordado do véu e no vestido dela também atesta o quão minucioso é Van Eyck.

Tudo, absolutamente tudo nessa pintura é dotado de significado (se tiverem interesse, discorreremos sobre esse simbolismo aqui mesmo, na área de “Comentários” do ConsueloBlog): a forma em que as mãos se unem, o lustre e sua única vela acesa, o cãozinho, os tamancos dele e dela (suas posições e cores), o espelho, seu reflexo e a via crucis nele, o rosário de cristal ao lado do espelho, as laranjas (fruta de rico, na época, pois eram importadas), a Santa Margarida (padroeira do parto) ou, pela mini vassourinha ao lado dela, Santa Marta (padroeira das donas de casa) entalhada na cabeceira da cama, a assinatura em gótico por extenso do nome completo do autor (reparem que o “J” de Johannes está estilizado em forma de cornucópia (cornos da cabra Amalthéa, que simboliza abundância), seguida das palavras em latim “fuit hic”, que significa “esteve aqui”, a mão direita do noivo aberta em direção ao ventre da noiva, como que abençoando seu futuro rebento, o “luxuoso e caríssimo tapete da Anatólia” junto à cama do casal e o que mais pudermos encontrar.


Sobre os detalhes da obra “O casal Arnolfini”, vamos observar:

As duas mãos do casal estão delicadamente unidas, como se fossem uma só, e esse gesto é reiterado no candelabro de uma única vela. Observem que ele está pendurado imediatamente acima delas. O “cobre” desse candelabro é um espetáculo à parte!

Agora, não é intrigante que um casal tão rico acenda uma única vela em seu candelabro justamente no dia de seu casamento?
Mas há uma razão para isso. Dizem que era costume acender uma única vela na noite de Lua de Mel para que favorecesse a fertilidade.

Noutra interpretação, essa única vela também pode ser entendida como sendo “o olho de Deus, que tudo vê”. Não duvido, pois nessa época a consciência das pessoas estava realmente certa disso, que Deus vê tudo. Aliás, esse era um “ideal” católico medieval: fazer tudo como se na presença de Deus. Um pintor que insiste nessa temática é o contemporâneo de Van Eyck, o espanhol Hieronymus Bosch (1450-1516), que analisaremos oportunamente.

A presença do animalzinho doméstico dá o toque de leveza à austeridade do momento e, sendo um cão, remete à fidelidade
. Nota-se que não é um vira-latas, mas um cãozinho de raça, talvez “importado”. É provável que tenha sido também por isso que esteja inserido no registro, para denotar as posses dos donos da casa (ainda bem que esse costume se rarefez e, cada vez mais, adota-se cãezinhos abandonados). A delicadeza, paciência e precisão de Van Eyck em pintar os pelinhos desse ‘lulu’ são visíveis.

Os tamancos dela, em vermelho, são delicados e confortáveis. Estão junto ao leito, indicando que é onde e como a mulher “deve” estar: disponível e dentro
de casa. Calma: estamos em 1421… Para se ter uma ideia, ainda faltam uns 200 anos para surgir um Vermeer, que também não é “moderninho”.

Já os tamancos do Sr. Arnolfini, mais rústicos, estão destacados como que na entrada do quarto, indicando que logo sairá para tratar de seus negócios, fora de casa
. Esse é mais um simbolismo dos valores da época: homem lá na rua, trabalhando. Mulheres em casa, zelando do lar. E, postos de lado, significava que estavam envolvidos num ritual, nesse caso, de casamento.

Em volta de todo espelho há o reflexo do pintor e de mais duas pessoas, certificando o testemunho dessa união cristã. Há também a minúscula pintura das “Estações da Cruz”, em volta do espelho, simbolizando que o casal é religioso. E, talvez, lembrando que o casamento passa por fases e requer sacrifícios.

O rosário de cristal pendurado na parede foi presente do noivo para Giovanna: simboliza a pureza e a devoção que ela deve ter para com ele. Parece que era típico da época que o noivo presenteasse a amada com algo valoroso sim, mas de cunho religioso.

As laranjas (na época, raras e caríssimas no norte da Europa) também eram chamadas de pomo-de-adão, indicando a luxúria mundana que só poderia ser santificada através da sacralidade do matrimônio.

As janelas se abrem para dentro e possui detalhes de um delicado e colorido vitral.

A cama, com uma colcha vermelha, cor da paixão, era um objeto mobiliário importantíssimo nas casas dos antigos nobres: era lá que eram gerados os futuros herdeiros. Lá se nascia e também lá se morria, no leito. Reparem que ela tem um dossel, e que esse termina com uma franja (de seda?) arrematando o final de toda parte superior. O entalhe na cabeceira da cama também é primoroso.

Por fim, curiosamente, há uma espécie de… Dois monstrengos (duas gárgulas?) entalhados nas laterais da cama que, se for isso mesmo, só pode ser para espantar os maus fluídos, o mau-olhado, outra crença enraizada nessa época.

Agora, intrigante mesmo, é esse chapéu do Sr. Arnolfini: não sei dizer de onde e por quê surgiu o modelo. Tampouco faço ideia dele não tê-lo retirado nesse momento solene. Talvez fosse por conta de ser mais um item fortemente indicativo de sua posição.

Segundo especialistas, essa obra permanece inigualável no quesito “pintura à óleo”. Mas para Michelangelo, “a escola flamenga tenta fazer bem tantas coisas que não faz nenhuma.” (algo assim).

Claro que cada um sente a obra de uma forma distinta, pessoal. Eu, por exemplo, ao contemplá-la não deixo de ver, em cada detalhe, um engodo. O testemunho de uma ilusão. E sou levada a pensar na doce e terna Giovanna. E em sua falta de opção.

Mil beijos a todos e, muito, muito grata pela participação, amigos!
lu.

E ainda leiam a observação de uma leitora do Consuelo blog:

Querida Luciene, sobre os tamancos, observei que os dela estão numa posição de “receber” o homem, ou seja juntos nos calacanhares e abertos nas pontas. Já os dele estão na posição contrária, juntos nas pontas, como uma cunha, uma posição de “introdução”. Macho e fêmea, portanto. Não sei se essa observação é válida, ou se isso foi intencional da parte do Van Eyck, mas me pareceu bem interessante. O que vc acha?
Beijos
Eliana

PS: Só para complementar, eis minha resposta à observação da leitora: “Que perspicácia, Eliana! \o/
Perfeita sua análise e conclusão, amiga!
Não digo que quem ensina é quem + aprende?
Mas é claro que nada, absolutamente nada nessa obra é aleatório: cada cor, cada posição, objeto e etc., tem um significado implícito. Assim é um mapa astral: quanto + você olha, + descobre coisas que não havia reparado.
Parabéns!!! E muitíssimo grata por sua preciosa colaboração: nos enriqueceu ainda mais.
Mil beijos,
lu.”

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