Sacilotto e Barsotti – Exposição no BM&FBOVESPA em março

Encontrei o crítico Enock Sacramento para um almoço e tenho uma notícia fresquinha:

O Espaço Cultural  BM&FBOVESPA, abre a partir do dia 4 de março, a Exposição Sacilotto e Barsotti – Diálogos entre o Concretismo e o Neoconcretismo, com curadoria de Enock Sacramento.

Segundo o crítico, Sacilotto e Barsotti “são artistas exemplares, que construíram uma obra linha sobre linha, preto sobre branco e branco sobre preto ou com cores variadas em quadrados,  retângulos, círculos, triângulos, faixas e outras áreas geométricas, resultando numa sinfonia plástica concreta que dialoga não raro, mutatis mutandis e cada um à sua maneira,  com as composições de Webern, Schöenberg, Stockhausen e outros mestres da música serial”

Vale programar a visita, pois a maioria das obras faz parte de acervos particulares, são 12 obras de Luiz Sacilotto e 12 obras de Hércules Barsotti.

A Exposição vai até dia 07 de maio.

E o Espaço Cultural  BM&FBOVESPA está localizado na Pça Antonio Prado 48 Centro de São Paulo.

Sacilotto

Luiz Sacilotto

Hércules Barsotti.

A mostra, que sucede a exposição “Tesouros da Coleção Roberto Marinho na BM&FBOVESPA” reúne 12 obras de Luiz Sacilotto e 12 obras de Hércules Barsotti e ficará aberta ao público até 7 de maio.

Hércules  Barsotti nasceu em São Paulo, em 1914. Na adolescência,  estuda desenho e composição com o pintor italiano Enrico Vio (1874-1960). Diplomado em Química Industrial, em 1937, pela Universidade Mackenzie, trabalha  nessa área  por dois anos. Começa a pintar de forma sistemática em 1940, mas só expõe seu trabalho a partir da década seguinte, quando sua obra assume configuração geométrica.

Durante mais de 10 anos, Barsotti explora as possibilidades plásticas do preto-e-branco, realizando uma pintura rigorosa, precisa.. Paralelamente, trabalha como desenhista têxtil, realiza figurinos para teatro e produz ilustrações para revistas. Em 1954, cria com Willys de Castro um Estúdio de Projetos Gráficos., iniciando-se assim uma relação de trabalho profícua e duradoura. Quatro anos depois, viaja para a Europa, onde encontra-se com Max Bill, diretor da Escola Superior da Forma de Ulm (Hochschule für Gestaltung Ulm) , na Alemanha, e um dos responsáveis pela instauração do Concretismo na América Latina. Este o convida para participar da Konkrete Kunst – 50 jahre entwicklung, exposição internacional de arte concreta, realizada no Helmhaus, de Zurique, em 1960.

Em 1959, um ano antes da realização desta importante mostra, da qual também participa Sacilotto, é criado no Rio de Janeiro o Neoconcretismo, com  lançamento de manifesto assinado por Amilcar de Castro, Ferreira Gullar, Franz Weissmann, Lygia Clark, Lygia Pape, Reynaldo Jardim e Theon Spanudis, este um poeta (e crítico de arte) residente em São Paulo. Barsotti, que não integrava o fechado Grupo Concreto paulista , é convidado por Gullar, juntamente com Willys de Castro,  a ingressar no Grupo Neoconcreto, do Rio.  Assim é que, em 1960, ele participa da 2ª. Exposição de Arte Neoconcreta, no MEC, Rio e, no ano seguinte, da 3ª.  Exposição de Arte Neoconcreta, no Museu de Arte Moderna de São Paulo.

A cor surge em sua obra em 1963, quando ele adere à tinta acrílica. Utiliza telas em forma de triângulos,  losangos, pentágonos,  hexágonos, circunferências e, com frequência, a forma quadrada na diagonal. Sua paleta de cores,  binária em alguns casos, se amplia em outros assumindo um amplo espectro colorístico. Participa de quatro edições da Bienal de São Paulo (57, 59, 61 e 65) e realiza várias individuais.  Em 2004, o MAM organiza uma retrospectiva de Barsotti com 90 obras: Não-Cor Cor.

Luiz Sacilotto nasceu em Santo André, SP, em  1924 e faleceu em São Bernardo do Campo,  SP, em 2003.  Filho de imigrantes italianos, estuda na Escola Profissional Masculina do Brás. Trabalhou como desenhista de letras de alta precisão no Sistema de Máquinas Hollerith em São Paulo, no escritório de arquitetura de Jacob Ruchti e como desenhista no escritório de arquitetura de Vilanova Artigas. A partir de 1944, faz trabalhos  expressionistas.

Em 1945, retoma o contato com seus colegas da Escola Profissional Masculina, os artistas Marcelo Grassmann (1925) e Octávio Araújo (1926), que lhe apresentam Andreatini (1921). Juntos, e com a ajuda de Carlos Scliar (1920 – 2001), realizam a mostra “4 Novíssimos”, no Instituto de Arquitetos do Brasil – IAB/RJ, no Rio de Janeiro, e passam a ser conhecidos como Grupo Expressionista.

No ano seguinte, participa da exposição “19 Pintores”, realizada na Galeria Prestes Maia, em São Paulo. Por ocasião desse evento, entra em contato com Waldemar Cordeiro (1925 – 1973), Lothar Charoux (1912 – 1987), com quem posteriormente funda o Grupo Ruptura, ao lado de Geraldo de Barros (1923 – 1998), Féjer (1923 – 1989), Leopoldo Haar (1910 – 1954) e Anatol Wladyslaw (1913). O convívio com o grupo é importante para seu aprimoramento teórico e o desenvolvimento de seu trabalho no ateliê, que desde meados de 1948 já esboça uma consciência abstrato-construtiva. É um dos fundadores da Associação de Artes Visuais Novas Tendências, em 1963. Considerado um dos importantes artistas da arte concreta no Brasil e, com uma pintura que explora fenômenos ópticos, um dos precursores da op art no país.

Em 2001 é publicado o livro “Sacilotto”, de autoria de Enock Sacramento, lançado no Museu de Arte Moderna de São Paulo e na Dan Galeria.

O curador da mostra, Enock Sacaramento, tem considerável experiência como crítico e curador de arte. Participou de mais de 150 júris de salões de arte, curou mais de 100 exposições no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa, prefaciou cerca de 250 catálogos de exposições, publicou mais de 400 artigos na imprensa e 14 livros sobre arte e artistas brasileiros, entre eles “Ismael Nery – Desenhos”, Casa das Artes, São Paulo (1996); “Sacilotto”, Orbital/Credicard, São Paulo (2001); “O Universo Fantástico de Jesus Santos”, Eletrobrás, Rio de Janeiro (2005); “Renée Lefèvre”, Companhia Siderúrgica Nacional, Resende, RJ (2006);   “Fang Sumiê”, CMS Energy, São Paulo (2006);   “10 Artistas do Brasil”,  Banque National de Paris – BNP Paribas, São Paulo (2006); “Martins de Porangaba”, LG, São Paulo (2008), “Maria do Carmo Carvalho”, Ed. do Autor, São Paulo (2009). Tem no prelo “Zélio – Do Risco à Cor – 50 Anos de uma Aventura Visual”, Rio de Janeiro, Petrobrás (2010),   e “A30 Contemporâneos Brasileiros, Alexa Editorial”, São Paulo (2010). Em função de sua atuação como crítico e curador de arte, recebeu, em 2004, o Prêmio Gonzaga Duque, da Associação Brasileira de Críticos de Arte, que o consagrou como o “crítico do ano

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